sábado, 14 de setembro de 2013

Roteiro




Não é possível que marchemos assim quase em uníssono com passos gêmeos numa estrada que não sabemos se é nossa ou até onde nos levará. Não há marcos de certezas nem setas de roteiros definidos, nada nos fala de direitos herdados ou conquistados. E todas as pesquisas são sempre experimentais, como se devêssemos arriscar tudo pagando o alto preço dos sonhos que nos assaltam.
Se na próxima hora nosso relógio marcar horas concretas talvez despertemos sem susto para uma realidade cômoda, mas por enquanto há nuvens sob nossos pés e nada nos pode parecer impossível.
Quando o silêncio marcar a palavra para a quebra definitiva de nosso transe tácito, saberemos se a quietude foi de proteção ou feita apenas para machucar.
E a beleza se afigura a cada hora como uma promessa mais certa, mais capaz de forma, gesto e realização. De nosso trabalho, e até de nosso ócio pode partir a primeira idéia que nos libertará como se fôramos predestinados à espera do sinal, da redenção tão próxima que assusta não só nossos sentidos, mas a própria integridade de nosso Ser.
Cada medo é a porta de uma claridade tão intensa que se vai abrir como corola lenta aos nossos olhos deslumbrados. De nosso assombro e nossa temeridade dependerá o passo mais avançado.
E tudo que ficou para trás perderá sentido como se nascêramos daquela experiência extraordinária.

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