sábado, 7 de dezembro de 2013

A Festa

Quando as horas, por um momento se iluminam, impossível é conter esse júbilo crescente. Como luas multiplicadas, como estrelas bipartidas, a penetração da luz faz um cenário de difícil descrição.
         No silêncio da madrugada prepara-se a festa maior. Lento pressentimento que nasce e s e avoluma e transborda sobre a aridez da Terra numa lenta iniciação.
         Não é fácil registrar as premonições do dia da Luz mais forte e tão violenta que pode ser confundida com a Luz total.
         Tenta-se chegar à compreensão coletiva, mas as palavras são restritas e incompletas para transmitir o que só a experiência acusa e guarda como presença viva. É uma história que se vai escrevendo sem que o final possa ser divisado.
         Serenamente, de mãos dadas com o amigo, percorre-se o campo novo que o plano mais alto indica como a segura sequência da jornada. E as horas da amargura ficam apagadas, sem alimento certo para suas dores cotidianas.
         É preciso que deixemos, então, que as horas de luz se repitam numa escala gradativa que pode trazer tropeços e surpresas, mas que sempre ascenderá para a espiral correta da evolução humana.
         Quando as horas por um momento se iluminam, as salas, sem dimensão, se desfazem; os relógios sem horas param, o passado e o futuro se confundem. A realidade do presente em franca fase de amadurecimento se impõe.
         Hoje, gostaríamos de colocar em todas as mãos, uma das chaves encantadas do reino onde as fronteiras se dissolvem e as lutas se amenizam até perderem sua razão de ser. Hoje, gostaríamos de ser o canal perfeito onde escoa a palavra exata para cada ouvinte preparado. Porque, quando as luzes brilham mais, sua expansão é quase espontânea e só o limite das palavras se interpõe entre a experiência real e o ouvinte neófito. A cada dia, pela necessidade de se transmitirem as realidades, elas se fixam mais em nós como expansão de nosso tronco em raiz, caule, flor e fruto. 
         Gostaríamos, hoje, que ninguém ficasse sem sua parcela de comunicação, sem sua nota no clarim do despertar, para que o dia fosse definitivamente marcado pela presença maciça da revelação que se fixa e cresce, para um dia atingir o infinito. 
         Assim faríamos, juntos, um canto de saudação e busca, dentro de uma melodia que está, a cada hora, mais definida e capaz de revelar-se como um coro de harmonias individualmente ensaiado, mas homogeneamente consciente do conjunto e de sua afinação.
         Vamos então, cantar a vida que flui e se manifesta em vozes, versos e instrumentos para encher o mundo de afirmações corretas sobre o poder das vibrações que nos são transmitidas do infinito.
         Tua voz, hoje, é parte deste coro, se o quiseres, e a ametista é tua cor ou tua luz crística.

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