terça-feira, 29 de abril de 2014

A Paz Real

A paz é um princípio essencial na Natureza e não apenas uma qualidade a ser adquirida. Ela pertence a inata origem das coisas; assim como “o amor é o princípio coesivo da criação”, disse o teósofo Geofrey Hodson.
       Sendo, pois um princípio de nossa essência, a paz já está em todos sempre, e precisa apenas ser libertada, ser conscientizada; pois só podemos crer verdadeiramente, compreender e utilizar, aquilo que já faz parte do nosso plano de consciência. Temos que conquistar um espaço mais e mais profundo em nossa própria consciência, porque nosso potencial é divino e infinito.
       Deus, Pai-Mãe, criador de tudo, é o grande imanifestado. Toda a Natureza surge a partir do momento e, uma vez manifestada, deveria revelar harmonia e paz que são sua essência e origem. A paz é garantida pela onipresença de Deus em tudo.
       Entretanto, no ser humano, como na Natureza, a paz externa é cíclica, apresenta-se em certos períodos e recolhe-se em outros. Porém, a verdadeira paz, aquela da qual Jesus falou “que excede todo entendimento”, é conquistada por cada um, na medida em que se aprofunda no interior da própria alma e se entra em contato mais direto com ela.
       No mais interno da mente e do coração está essa paz, inabalável que se revela à consciência de todo aquele que mergulha para buscá-la, com coragem e persistência. Ela nasce do silêncio, do equilíbrio e do recolhimento. A paz maior já está pronta, porém, deve ser apreendida pela consciência humana para revelar-se plena. É preciso liberar a essência da grande vida que circula em todo o ser humano.
       Paz e amor são duas características do Criador que estão também em suas criaturas, prontas para manifestação. É por isso que elas estão nos sonhos e anseios de todos os homens, ainda que muitos não tenham disto muita consciência.
       Agora é que o ser humano começa a se identificar um pouco mais com sua realidade, com sua essência que vai muito além dos limites do invólucro físico.

       Nada se pode comparar a um estado de paz e de amor impessoal que, por vezes, se atinge num momento de concentração, meditação ou contemplação. Por isso, há hoje tantos livros, tantos cursos, grupos de oração, de meditação e até mesmo de simples relaxamento que nos podem preparar para percepções mais profundas e luminosas.

sábado, 26 de abril de 2014

Muito de leve

E porque a voz do tempo elevou-se e soletrou claramente AZUL, vamos começar o dia num diálogo leve, sem compromissos, sem sustos. Vale tomar nas mãos um pedaço da manhã e esquecer que a Terra está cheia de lutas e seus caminhos cada vez mais perigosos – e, sabemos todos, que nós temos parcela de culpa nele.
       Mas hoje, vamos, egoisticamente, roubar uma hora apenas para nosso encontro e despreocupado sorrir, antes que, entre nós, se desfaça o encantamento das coisas já exploradas, já conquistadas, já exauridas. Como se apenas nós tivéssemos acordado agora tão cedo, e caminhássemos dentro do inconfundível perfume da madrugada envolta em silêncio, tão dominada pela imponente copa das árvores e pelo confuso semi-definir das silhuetas que vão ser banais em pleno sol.
       A ternura mansa que penetrou as tuas últimas palavras pode modificar todo o semblante do dia como se elas devessem libertar as mais ignoradas esperanças. Tudo, num passe de beleza, em que este pedaço de azul insinuado no céu é a grande mola do espetáculo, do carinho muito antigo, tudo se ilumina. O que dormiu profundamente, às vezes, na fusão de tua palavra e deste ingênuo clarear de madrugada, faz um milagre que pouca gente perceberia, pelo menos, antes que os sinais violentos despertassem os mais céticos.
       De palavra em palavra, vê-se o teu rosto transformando-se como comandado por um tempo que não é mais novo nem muito velho, mas sem idade e que se torna dono de toda a irrealidade para mostrá-la na sua face mais concreta, como se nela modelasse a estátua da plena liberdade.
       Então, rapidamente, antes que o dia se implante, aproximo-me e reconheço este encontro e o proclamo intraduzível. O vento aceita-te assim e reconheço que há um novo momento em nossas vidas.

terça-feira, 8 de abril de 2014

Renovação

As crianças são as primeiras, e quase as únicas, a perceberem a renovação de cada hora. O despertar vivo de tudo aquilo que nos rodeia e deveria sempre encantar-nos como primeira vivência, se não estivéssemos sempre apressados, medrosos, preocupados em sobreviver mais pelo conforto do que pela Paz.
       Mas a cada instante haveremos de evoluir como estrelas predestinadas a uma Luz sempre mais lúcida, brilhante e própria. Todos os caminhos da Lei são como estradas de criança depois que os reconhecemos como coisa nossa, intransferível e fatalmente boa.
       Por mais que nos percamos nas escuridões estaremos sempre em franca gestação para a Luz e para a Paz, todos, sem exceção, cada vez mais próximos, mais identificados. E o passado da humanidade será então a plataforma para o principal vôo, o retorno, o reencontro.
       Além de nossas possibilidades e debilidades haverá sempre uma força maior a nos esperar, a nos amparar, a nos promover a seres mais capazes, mais identificados, mais dignos das rotas que se nos abrirão a qualquer hora, quer já a tenhamos reconhecido, quer duvidemos furiosamente dela, pois esta será sempre a grande, a autêntica redenção do Mundo.