terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Evolução e Involução

O ser humano realiza sua passagem na vida terrestre através de dois processos distintos: a involução, ou queda na matéria e identificação com ela, utilizando as áreas descendentes da vida; e o processo evolutivo, libertando-se do apego e da identificação com a matéria e atingindo, fora dela, a identificação com a consciência.
Quanto mais nos identificamos com as formas materiais da existência mais imergimos na matéria, num trabalho, aliás, necessário ao completo processo da libertação.
A luz brilha eternamente em nosso interior, mas vai sendo obscurecida na medida em que atravessa nossos veículos densos mentais, emocionais e físicos. Se rompermos as leis de cada um desses planos, tornamos impuros os canais desses níveis, criando ilusões, sombras e desvios de toda ordem. A maya dos orientais.
Já quando trabalhamos na direção da identificação com a consciência, vamos transmutando as impurezas, clareando nossa estrada e ganhando equilíbrio, alegria e libertação. Realizamos enfim nossa real natureza espiritual, por etapas, trabalhando cada nível de nossa manifestação.
O bem cresce transformando seus níveis densos em energias luminosas sutis e aproximando-se assim de sua semelhança com o Criador. Nossa essência é luz. Viemos do Verbo que se fez luz e da luz que se densificou como matéria.
Só há um poder, uma energia, uma essência que é Deus, de onde procede toda a criação quando Ele se manifesta. Somos visitantes no plano terrestre, sala de nossos aprendizados e de lições que só nessa dimensão encontramos.
Entretanto, a humanidade, em sua maioria, tem agido como se a Terra fosse sua morada definitiva ou o lugar de sua melhor expressão de vida.
Sofremos a “queda” num processo de linha densificada de descenso e evoluímos voltando à casa do Pai, pela transmutação do denso em sutil, do impuro em puro, do desorganizado em organizado, da sombra em luz. No princípio era o caos e a luz pairava sobre ele; o espírito é luz.

Agora devemos conquistar a verdade que salva, ajudando na elevação da humanidade e de seus reinos terrestres. Só Deus é o poder atrativo e transformador e para nos aproximarmos de sua aura, precisamos encontrar nossa própria luz e irradiá-la sempre.

domingo, 30 de outubro de 2016

O Azul Intenso

Há dias em que as águas se fazem mais azuis, como orgulhosas de si mesmas, de um azul tão profundo que chega a parecer lágrima nas pupilas infantis de Ana.
     O sol ganha mais luz e raios novos para começar a manhã. Há dias que são feitos com carinho e cuidados especiais, porque foram marcados, a longo tempo, no calendário.
     As horas têm, então um significado certo e precioso – uma fisionomia toda própria. Cada uma é a data inadiável, repleta de segredo, que fica fazendo surpresa àtoa. Só não as sente plenas quem está muito inquieto ou descrente da doçura; quem se esqueceu de prender bem os olhos ao azul mais intenso da água ou aos raios muito novos.
     Há dias em que as ruas se fazem mais largas e combinam encontro em todas as esquinas; ou convidam a caminhadas extensas para contar cousas curiosas ou mostrar as árvores onde dormem nomes entrelaçados.
     Esquecem o tédio e a súplica das mágoas. A música chega tão perto que é parte da cadência dos gestos e o canto nasce leve, como um pedaço do tempo. Só não os viu quem não foi tocado pelo azul ou poema que nasce dele.
     Depois, as horas amadurecem e tentam fazer tristeza, ou acordar a sombra e a solidão. Chamam a bruma dos dias opacos e desalentados, convidam o silêncio velho. A saudade debruça-se dolorida sobre as ruas como se as fadas estivessem mortas e os sonhos perdidos.
     Mas, quando a realidade cinge o corpo, com braços de terra e medo, os olhos brilham ainda cheios de cores e música.
       Pois, onde ouve um dia de luz há vestígio de alegria, gérmen de sorriso, fragmento de esperança. Onde passa o sonho fica um raio luminoso desafiando os incrédulos e descrentes. 

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Energia da Paz

Todos nós buscamos a paz e o equilíbrio, porém sem algum contato significativo com os níveis interiores do Ser não se alcança, ou se conserva a energia da paz. Isto porque o exterior é incontrolável e muda a cada dia, sem que possamos prever os rumos que tomam os acontecimentos gerais de nossas vidas.
            Mas o estado interior, uma vez reconhecido e aperfeiçoado nosso contato com ele, vai sendo conquistado e, pela disciplina, dá-nos força de superação equilibrada para vencermos ou enfrentarmos as mudanças que sempre ocorrem na vida de cada um.
            A expansão do sentido da harmonia, do amor impessoal e do perdão a todos, abre-nos os canais para o contato com níveis mais profundos de nosso ser – os céus dentro de nós. E é aí que mora nossa paz e alegria, nossa força e nosso encontro com a luz que nos foi dada.
            Quando estamos desapegados do passado e confiantes no comando superior para a regência de nosso futuro, podemos viver o presente sem medo ou ansiedade,  na paz,na harmonia e no serviço à evolução coletiva do grupo ao qual pertencemos. Chegamos assim à intuição daquilo que é melhor para nós e para o todo que nos leva ao Pai.
            Feito esse trabalho, a irradiação da energia do bem coletivo se expande e atinge grupos cada vez mais numerosos. Dá-nos também real possibilidade de nos sentir integrados e úteis ao plano cósmico do Criador.
            A luz foi dada a cada um para trabalho de crescimento e expansão das luminosidades sobre a superfície da Terra, e não para ser escondida ou encoberta pelas sombras da ignorância, das trevas dos erros, das distorções e das discórdias, ou dos egoísmos e materialismos limitadores.
            O sentido da paz está sempre ligado à liberdade do Ser e ao amor à humanidade.
            Pela disciplina e limpeza moral e mental, cada um pode tornar-se o canal através do qual passa a pura luz dos elevados níveis de consciência.
            Aquele que irradia sempre o amor fica acima dos planos das vibrações negativas, densas ou agressivas, protegido que está pelo escudo da paz, e se fortalece na ligação com a luz universal. Somente aquilo que melhorarmos em nossa própria vida pode ajudar nosso ambiente a ser melhor. 

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

O SIMBOLISMO DA CRUZ


Entre os vários simbolismos religiosos, a Cruz – que é símbolo em várias épocas e entre vários povos – é um dos sinais simbólicos mais antigos, mais complexos e menos estudado em todos os seus significados.  

        Na cruz estão valores e energias ativas e irradiantes (na vertical) e passivas e atrativas (na horizontal). O fluir e o refluir dos ritmos da vida.

        Quando Jesus diz, por exemplo, “toma tua cruz e segue-me”, muita gente entende apenas parte do simbolismo. Pensa no peso, no sofrimento, nas dificuldades, na cruz dolorosa. Esquece-se de sua energia gloriosa, de sua direção para o alto.

        Na cruz estão também as responsabilidades que preenchem nossas vidas e criam as alegrias do cotidiano, estão valores éticos, energia do fazer crescer, ainda que com um certo esforço. Bem como os estados horizontais passivos, o aquietar-se, o perceber, o receber ou o deixar fluir no tempo certo. Um trabalho complementa o outro.

        Ativo e passivo, dar e receber, cair e levantar-se são conquistas da escola humana, do crescimento individual. São valores que, entendidos, nos levam ao Cristo culminância da subida, ou nos derrubam ao solo, ponto da matéria mais densa, do começo da subida.

        Morte de (ou na) cruz é também desapego do plano material em suas várias manifestações, para uma maior identificação com realidades mais elevadas onde o espírito tudo vivifica e amplia. “Sois o sal da terra e a luz do mundo”, disse Jesus, àqueles que o seguiam.

        No Apocalipse está escrito: “Aquele que é digno de receber o livro e abrir os selos...”, referindo-se ao Cordeiro que foi imolado na cruz para abrir caminho para a humanidade. Caminho de vida, não de morte, pois “já somos filhos de Deus, porém o que seremos ainda não foi manifestado”. Diz São João que “sabemos que por ocasião da manifestação seremos semelhantes a Ele (o Cristo)". “Tenho muitas coisas a vos dizer mas não podeis agora compreender”, disse Jesus. Os olhos jamais viram o que Deus preparou para aqueles que o amam.

        Sabemos portanto apenas de nossos embaraços de agora, mas não sabemos o que está preparado para os que entram na luz de Deus. Não nos é ensinado que fomos feitos à imagem e semelhança de Deus onipresente? Que somos templos do Espírito?
        Não podemos deixar de crer num futuro luminoso para os que entram em sintonia com o Criador, para os que O invocam, se aquietam e se colocam receptivos à sua graça. 

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Despertar

“Desperta tu que dormes e levanta-te de entre os mortos que o Cristo te iluminará”, diz o profeta Bíblico. Grande parte da humanidade até hoje, ou principalmente hoje, anda voltada não apenas para o que comer e vestir, mas para o que acumular, exibir e manipular de acordo com o que é mais moderno.
         O plano da alma fica então apagado, desativado, improdutivo em suas cargas de forças e bênçãos. Não se pode usar a energia que se desconhece e não se pode conhecer o que não se busca pelo estudo, pelo aquietamento, pela prática de interiorização ou pela prece.
         As energias do Espírito, do Pai, do Filho, e da Mãe Divina, estão à disposição de todos aqueles que vão ao seu encontro. Aqueles que se elevam no plano material pelo amor ao próximo e pela purificação do coração e da mente serão sempre os privilegiados.
         Outrora fomos todos trevas, mas hoje, deveríamos ser luz no Senhor e manifestar os frutos da luz que são a harmonia, a paz, a saúde e o desdobramento, bem como o bom relacionamento com todos, o perdão, a verdade e a justiça.
         As vibrações ou correntes de luz são expressões de amor impessoal que podem surgir e se ampliar na aura daqueles que encontram e trilham o caminho superior iluminado.
         O ser humano é parte integrante do cosmos e nele têm o seu papel individual e intransferível, sua missão de vida. E é na própria consciência pessoal que podem aflorar os marcos do seu roteiro na Terra e a sua responsabilidade como herdeiros do Pai Cósmico, justo e amoroso.
         Precisamos limpar nossa consciência de distorções, da vontade, de limites e preconceitos criados pela mente puramente humana para que flua a presença real que nos anima e se estabeleça o plano do Criador para toda a humanidade. Nesse momento cíclico as forças evolutivas batem à porta com força transformadora e insistente.
         É hora de deixarmos a mente velha, cristalizada, egoísta e ambiciosa, agitada e fraudulenta, para conquistarmos a mente serena, pura e transparente que liberta e ilumina através do amor universal.
         Renascer no Espírito é um trabalho a ser feito cotidianamente por todos, ainda que muitos não se dêem conta da importância dessa expansão de consciência, a ser realizada nos atos práticos da vida diária, para o futuro do Planeta e da humanidade.

domingo, 12 de junho de 2016

Da sombra para a luz

O esforço próprio é a grande mola real do verdadeiro crescimento humano; é nele que está o germe da vitória definitiva. Não creia nunca no sucesso fácil, ou na conquista sem luta. Elas são ilusórias e efêmeras. Não há crescimento, sem trabalho de conquista. Só no plano espiritual da graça é que as Leis são diferentes e, para nós todos, ainda imprevisíveis.
       No plano puramente humano, cada um se constrói (ou se destrói) a partir do que já é. Cada qual se fortalece, se amplia, e luta para isto. Recebe-se sempre na medida justa em que se busca, se trabalha, ou se abre ao esforço interno, para que o plano Superior flua até nós.
       Ninguém pode fazer por nós o que nos compete, para alcançarmos uma amplitude de vida e de conhecimento do que é real em nós. Só no plano material e impermanente, podemos, aparentemente, ganhar cargos, títulos, riquezas sem o devido esforço. Mas tudo isto pode cair repentinamente de nossas mãos tão facilmente como apareceu. Este é o plano da ilusão, o plano transitório das experiências humanas.
       Na vida material a mente oferece mil opções enganosas, mil sugestões e motivos, para não fazermos o correto esforço que culmina na conquista essencial, aquela que ninguém nos pode tomar. Assim nos ensinam todos os que se encontraram, se iluminaram e perceberam o sentido verdadeiro da vida neste Planeta.
       Fora dessa realidade está a angústia, o vazio, a solidão, a frustração, o medo, a fraqueza e o fracasso, a doença e toda outra carência que, nos tempos atuais, é vista em grande escala no mundo moderno que se julga muito civilizado e adiantado.
       É sempre dentro de nós, que construímos as conquistas definitivas que nos retiram do mundo da carência para a vida em plenitude.

domingo, 1 de maio de 2016

A Vitória

Andou depressa, quase correu, chegou cedo sem saber para que.
Olhou desconfiado a sala de aula. Sala vazia, cresce, dá medo. Carteiras sem meninos são frias, agressivas.
Entrou tímido. Não era o primeiro da classe, não era capitão de time, nem o mais levado ou o pior nos estudos.
Olhou desajeitado. Menino oitavo lugar, menino reserva de time, moreno claro, sete e meio de comportamento.
O quadro negro fazia assombração na parede nova.
A professora trouxe a fila de crianças alegres e as arrumou nas carteiras, como uma caixa de bombons.
Professora bonita – bombom de licor – menino queria agradar, menino desapontado não agrada. Queria tirar zero, mas tinha estudado a lição. Queria ganhar dez, mas tropeçou no vestido novo da professora e não disse o fim da análise lógica. Encabulou-se, riram dele.
Menino queria ir embora, mas a casa não era mais bonita do que a escola. Queria ficar de castigo, mas estava quieto ouvindo e olhando a professora. Queria medalha, mas a nota não dava.
Os anos correram logo. Menino não levou bomba, não foi o primeiro da classe, não teve medalha nenhuma.
Menino estudou muito. Ganhou diploma: Matemáticas, Português, desapontam, Química, solidão, Latim, tristeza.
Quando crescesse mais, certamente seria diferente.
A infância deu um pulo. Encurtou rapidamente, achou o homem menino ainda e tudo que devia ser fácil ficou mais complicado, mais 8º lugar, mais reserva de time.
O menino então se lembrou de gritar, espernear, procurar as coisas de qualquer jeito. Leu, indagou, pediu, fez papel feio, tomou vitamina, viajou, pensou difícil. Uma porção de ideias nasceram desencaminhadas, procurando estradas que não eram, dias que não estavam na folhinha, vozes que o vento levara.
Menino grande correu, cansou, chorou, deitou-se para morrer; a morte não o quis. De repente, uma ideia pequenina – cara de reserva – o chamou de novo. Menino grande levantou-se, viu um trilho estreito – coisa à toa – menino crescido indeciso, medroso, querendo ser forte, corajoso, querendo tudo. Escorregou, foi devagar, tropeçou, achou ruim, insistiu ainda. Caminho difícil, mas quis seguir sem saber para onde. Andou tanto que começou a ter o passo firme, desenvolto. Aprendeu a respirar, achou graça nas árvores, nos pássaros, descobriu caminhos novos, assobiou alto.
Sem saber como, menino foi aprendendo a ver, a ouvir, a viver.  Menino agora, não era feio, não era bonito, era vitorioso. Olhou-se no espelho, menino sumira, descobrira meia verdade. Fez uma festa, contou a todos, riu alto, rezou escondido.

Era bonito vê-lo assim, olhos transparentes, contando coisas recém-encontradas, como se todo o mundo estivesse recomeçando com ele. Tinha rosto sereno, mãos de espera. A vida era dele, sem desaponto, sem reserva, sem medalha alguma. Só vitória.

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Reconstrução

De repente, das linhas simples, dos ângulos mais visíveis, as realidades básicas da vida começam a ser reconstruídas com esmerado apuro, com singular clareza.  Em volta, a luz é suave, amanhecente e ameno é o nosso encontro com o mundo.
Está redimida a longa e sofrida noite, algo indescritível que só a vivência explica. O roteiro dor-depois-alegria só se define e se faz compreensível para quem o percorre.
Os tempos de amargura e luta se acentuam sempre mais, no turbilhão e na intranquilidade, quanto mais próximo é o tempo da paz definitiva. São misteriosos os limites da paz.
Mas, quando a mensagem começa a brotar assim profunda, tudo mais se apequena e perde importância, junto à inesgotável fonte da luz, da harmonia, do encontro definitivo consigo próprio e com o infinito.
É tempo de acordar-se em festa porque as grandes flores estão desabrochando e as mais sutis melodias ensaiam escalas para a sinfonia total. Plenitude deve ser o nome da espera e redenção. Tudo, agora, caminha para o horizonte onde todas as portas se abrem e todos se encontram na mais conciliadora fraternidade.
Não nos enganemos mais, treinemos os passos, pois a caminhada será em ascensão e, em cada etapa um deslumbramento nos alcançará e responder-nos-ão nossas mais intimas indagações.
A Terra já é um lótus de pétalas quase abertas e um perfume novo anuncia as descobertas. De repente, todos os diálogos encontram um mesmo tema e os lábios jovens estão ávidos das mesmas palavras. A renovação é lenta, mas cheia de inconfundíveis sinais que a esperança protege e ilumina.
De repente, o vento passa muito manso murmurando canções, dizendo cores, pedindo forma e, por muito amá-lo, deixamos que se mostre metade presente, metade passado, caminhando sob a abóboda do tempo maduro e desperto. Tudo então se faz simples e claro e as imagens se repetem, apenas, para que todos entendam.
Neste momento até as pedras pedem a palavra, a beleza dos lírios convida a manhã, como se dela viesse nosso mais secreto encontro.  Já fomos informados que quando estivermos prontos, a luz se fará irresistível e nosso rumo percorrerá a vertical luminosa onde moram as estrelas e onde habita o amor.
Somos herdeiros deste instante e o doamos ao mundo, em comum oferenda para que renasçam flores sobre toda a Terra e se deem as mãos os irmãos conciliados.
Por um momento, o sol passa a ser tanto fogo como amor, e o mundo cresce consolado porque investigou a Luz.

terça-feira, 29 de março de 2016

O tempo decifrado

       Às vezes, reconhecer o caminho pode se tornar tão doce que os amigos começam a decifrar nos teus olhos o tempo da primavera, o início da festa.
       Primeiro um olhar, um espanto e a surpresa de achar teus olhos iluminados, tua voz mansa, tua palavra firme. O gesto que habita o corpo não é mais o aceno do adeus ou do desespero; antes, é um cumprimento de recém-chegado, é o aperto de mão do que está um pouco à frente.
       Depois, não apenas os amigos notam a diferença, mas ela cresce e se desdobra sobre quase todos, num repartir de ideias, num comungar de passos para que todos cheguem o mais cedo possível, junto à fonte.
       E, quando as manhãs começam a despontar, assinalando os atalhos, para o cumprimento do amor maior, fácil é distribuir alegrias entre as sombras dos que ainda dormem; dos que estão presos ao fantasma dos sonhos da Terra e de seus liames.
       Quando, ainda em pleno inverno, as noites se limpam para que o sol chegue mais cedo, a comemoração é uma necessidade que atinge todos os que têm o coração preparado. Todos os que perguntaram ao silêncio germinam na espera da primeira aurora...
       É tempo de renovar, de iluminar, de recriar porque as horas estão sempre contadas para todos e, cada instante, pode ser preciso no cômputo final das partidas e chegadas.
       E tu, com teus olhos transparentes, sabeis que são apenas preliminares da festa este anunciar de fogos, este afinar de instrumentos para iniciar a harmonia. Entretanto, mesmo assim, todos começam a perceber que tu esperas a luz e já encontraste o mapa do roteiro.
       Tua claridade é tão visível que mesmo os que ainda têm névoas nos olhos começam a perceber a crisálida que aflora como conquista própria das variadas buscas.
       Deixa, portanto, que as palavras, agora, sejam festa em teus lábios até então mudos, para que os amigos recebam o convite maduro de tuas experiências. Deixa que expandam tuas vitórias, para que elas sejam compartilhadas.
       De repente, reconhecer o caminho, pode confortar e ampliar as responsabilidades, como se as sementes houvessem sido postas em tuas mãos para serem usadas em terreno próprio e tempo justo.
       Para isso, aguarda o início do canto para que as intensas vibrações do amor propaguem-se perto ou longe de tua morada; pois não importa quando e quem deva começar a colheita de teus frutos.

       A pérola está a teu alcance.

terça-feira, 8 de março de 2016

Grupos espirituais

“Não invoques o Santo Nome em Vão...”

O caminho espiritual é trabalho sério. Quem resolve trilhá-lo deve estar consciente da opção que fez e das transformações que isto implica.  Não se vai para Deus como se vai a um curso de inglês, de cerâmica, etc.
Fazer parte de um grupo de oração, carismático, de meditação ou de algum outro culto, não é um simples ato agradável, social, terapêutico ou de lazer. Não se pode ir para Deus e encontrá-lo, quando não se tem outra coisa para fazer ou quando se “precisa” Dele num aperto.
O trabalho em grupo depende de um mínimo de disciplina, na frequência, no horário, no ritmo e na integração. Depende também de um certo grau de harmonia com todos os componentes que se reunem, sem exceção de ninguém.
O grupo faz um trabalho coletivo que é da responsabilidade de todos os seus elementos, e não se pode ir para ele, egoisticamente, querendo apenas receber e resolver os próprios problemas.
Se não houver toda essa gama de responsabilidades, o trabalho será sempre imperfeito, incompleto e, portanto, insatisfatório. Quando não dificil, pelo carma que acarreta, pois foi dito que a quem muito é dado, muito é exigido; que as oportunidades não se percam em vão...
Não se busca Deus nas horas vagas e menos ainda confiando nas forças de alguém ou de algum grupo. Somos os próprios realizadores do caminho que queremos percorrer. Ninguém cresce nas avenidas facéis onde a disciplina não é conscientizada. Não se pode fiar no trabalho dos outros sem fazer o esforço que nos compete com inteira responsabilidade, ritmo, persistência e fé em Deus.  
Um grupo é um todo que se eleva ou se deteriora, na medida do comportamento de cada um de seus componentes. Ou se está integrado ou se está desligado, a posição intermediária é perigosa e instável.
Isto é válido para quase tudo na vida. Ou se é um membro ativo ou se desliga do trabalho. Ligar-se aqui e acolá, sem definição, cria grande confusão mental e dúvida, energias estas muito negativas.
Não se invoca a energia divina para depois deixá-la improdutiva ou dispersá-la com atitudes e palavras vãs. A energia que vem através de um grupo deve ser canalizada, praticamente, na vida de cada um, de forma dinâmica e coerente. E também na coletividade, de forma objetiva.
É preciso que haja uma transformação concreta na maneira de ser e de agir, pois do contrário, estaremos nos enganando, pensando que estamos seguindo um caminho de evolução superior.

Não se pode invocar o santo nome de Deus em vão...

domingo, 21 de fevereiro de 2016

O Humano e o Divino

        No mundo há muitas metas, metas humanas e divinas. Se nos contentamos só com as primeiras, ficamos insatisfeitos e incompletos.
        “Nem só de pão vive o homem”, é preciso observarmos aquilo que preenche o nosso coração.Pois onde está o coração está nossa meta, nosso impulso, o sentimento que nos leva à ação.
        “Não podemos servir a dois senhores” e se não visamos o plano superior ficamos com um horizonte material muito limitado e insatisfatório, que só nos traz confusão e frustração. Pois tudo aqui na matéria é transitório e provisório; o visível tem sempre raiz no invisível. E é lá dentro que está nossa possibilidade de transmutação, de crescimento, de luz.
        Se o coração está cheio de sombras ou de dúvidas, tudo isso transborda sobre nosso viver diário, mas se contatamos a luz interior e a invocamos sempre, ela ilumina nosso caminho, tornando-o mais seguro,mesmo com as dificuldades que surgem.
        O coração vai-se iluminando através da busca, da oração, do aquietamento, da leitura, do estudo, da aspiração, da meditação, do trabalho ao próximo, etc. Podemos lançar mão de duas ou de várias dessas possibilidades que nos aproximam da luz.
        O pensamento cheio de paz e de alegria e o sentimento cheio de compreensão são chaves preciosas para nos conduzirem ao nosso mundo interno. Todos podem começar, todos podem e devem trabalhar em si mesmos, pela conquista do reto pensar e do reto agir, do amor impessoal e da alegria do aprendizado.
        Nossa alma, nosso ser espiritual tenta sempre controlar seus veículos inferiores para melhor se expressar, mas encontra nossos níveis inferiores sempre descontrolados e indisciplinados.
        Por isso precisamos de um exercício diário de busca da serenidade, para harmonizarmos nossos veículos de expressão mais densa. Precisamos acreditar que nada fora de nós pode nos dar real serenidade. A serenidade não depende de coisas e de pessoas, mas ela brota quando a buscamos dentro de nós, aquietando nosso mental e nosso emocional.

        Esse aquietamento é o início da verdadeira oração e da contemplação que acontecem justamente quando estamos quietos e serenos no corpo, emoção e mente.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

A Paciência e o Silêncio

Duas fontes de grande poder para a saúde e a paz têm sido pouco usadas no mundo ocidental. Parece que elas contrariam o ritmo produtivo e ativo que adotamos quando, na verdade, é através delas que seríamos mais integralmente capazes de trabalho e ação.
São elas a paciência e o silêncio. Paciência na maneira de ser, de andar, de ouvir os outros, de agir; e silêncio interno para palavras oportunas.
A correria em que vive a humanidade moderna seja no trabalho, no lar e até no lazer, acaba roubando-lhe preciosas energias. Vai tirando a paz e a harmonia de cada um e com ela vai-se a alegria que é o estado natural do ser interior.
Tudo que se faz apressadamente, não rende mais, fica apenas imperfeito, insatisfatório ou complementado, roubando mais tempo ainda.
Precisamos rever até nosso ritmo no andar, para que seja harmonioso e para que sintamos, através dele, o momento presente; a vida em nós e ao nosso redor. No andar, devemos sentir o ondular do corpo, o movimento dos braços, a respiração, pois tudo isso é vida que nos transmite força, se for sentida e conscientizada.
Andar querendo resolver problemas é envolver os passos no próprio problema e muitas vezes, tropeçar nele e cair. A mente aflita dá insegurança aos movimentos, não resolve o problema e pode agravá-lo.
Da mesma forma, cada palavra exige o dispêndio de certa energia. Mas o silêncio, ao contrário, acumula nossa força, para a palavra correta na hora oportuna. Falar pouco permite ouvir melhor e acertar mais.
A grande tagarelice é não só desgastante, como irritante para quem a usa ou para quem a ouve. A própria tagarelice já é um extravasamento de uma mente em desordem ou em desarmonia. Falar o tempo todo, repetir coisas nossas, para todos que se aproximam, é pura perda de energia e de tempo. É também perda do poder de concentração e de harmonização que são os estados naturais do ser interior.
Precisamos saber que o mover-se é dom muito precioso para que seja automático; quando alguém perde a capacidade de um movimento é que melhor comprova isso. O falar é muito criativo para que seja usado e abusado, sem um sentido útil. Vamos dar conta de cada uma de nossas palavras diz a Bíblia..., quanto mais palavras, mais prestação de contas.

Sem autodisciplina no que se faz e no que se fala, dificilmente chegaremos à paz interna, à descoberta da luz onipresente que faz do corpo físico um tabernáculo do espírito.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

O Molde Mental



Muita gente tem nos dito que não sabe como “dar a volta por cima”, como sair dos problemas em que se veem envolvidos.

Uma forma simples e sem perigo para todos os que desejam o auto aperfeiçoamento, e com ele uma vida mais equilibrada e luminosa, é o seguinte:

Observe duas ou três vezes por dia por onde anda a sua mente. Tudo começa aí, tudo tem seu molde mental que é sua vibração inicial. Você está centrado no plano físico, no físico/emocional, no emocional/mental, no espiritual? De que forma?

Os planos em si não são maus e nos foram dados para evoluirmos através deles; mas crescendo e observando suas leis. A forma como os utilizamos é que é importante. O conhecimento de que não somos só corpo e emoção é fundamental. Pois esses dois planos são mais primários, instáveis e vulneráveis, e tem suas leis.

Por exemplo: se só nos interessamos pelo plano físico, pelos nossos bens materiais, com egoísmo, ganância, descontrole, desperdício, exagero, indiferentes ao bem coletivo, estamos trabalhando com uma energia das sombras. Falta aí luz, generosidade e, sobretudo consciência de grupo; somos um todo e irradiamos nossa maneira de ser sobre tudo.

E sua emoção, como está? Harmoniosa, calma, afetuosa, limpa? Ou você se tornou um ser descontrolado, irritado, agressivo, insensível aos danos que possa causar, desorganizado, etc.? Para cada tipo de emoção há uma energia correspondente que trabalha dentro de você e atua sobre todo o seu ambiente. Vê como você se constrói e se aperfeiçoa, como entra no equilíbrio e na paz; ou como se autodestrói e atrai a desarmonia para junto de si?

E as suas ideias, onde fixam por mais tempo? Onde estavam ontem e hoje? Em aspirações criativas ao seu alcance e em benefício de muitos, em pensamentos luminosos de fé e de paz? Ou sua mente tem-se firmado no negativo, na confusão, no medo, na irritação, na preguiça de mudar, no comodismo, etc.?

Ideias e pensamentos são poderosas correntes de energias que trabalham em você, junto com as emoções e manifestam a direção que você lhes imprime sempre. São o seu transporte na vida e levam você segundo o caminho que você escolhe trilhar no seu dia a dia.

Pensamento e emoção são campos de vibração e força, mais densa ou mais leve, mais organizada ou mais caótica; e está em suas mãos perceber os campos de atração que você tem escolhido e criado, como está em sua vontade transformar as energias emocionais e mentais que o envolvem, se elas não o estão agradando. Tudo que é repetido tem força; especialmente pensamento e sentimento.  

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Sempre há um novo dia

O povo diz, com a sabedoria que só o povo tem: “não há bem que sempre dure, nem há mal que sempre ature”.
        Para vivermos melhor, precisamos aprender a olhar a vida como alguma coisa sempre em movimento, sempre passageira e cheia de fatos novos que muitas vezes transcendem o nosso controle. É preciso compreender que tudo tem uma razão de ser, razão esta que, nem sempre fica, de imediato, muito clara e confortável para nós.
        Todos passamos, na vida, por dias de euforia e paz e dias de problemas e dor. Uns e outros são testes para crescermos e para nos conhecermos melhor; para sabermos como nos comportamos diante deste ou daquele fato.
        Se nossa mente estiver sempre consciente de que somos como um rio, que corre e passa por trechos diferentes em seu caminho para o grande mar, muito sofrimento seria poupado e poderíamos ser mais calmos e mais tranquilos, mais confiante no amanhã. Nós daríamos menores dimensões aos aparentemente grandes sucessos ou grandes problemas.
        Saberíamos que sempre há um novo dia, uma nova experiência – que nós julgamos boa ou má – para nosso aprendizado e não para nosso prazer ou nosso desespero. A Bíblia diz: há tempo para rir e tempo para chorar. Os tempos e os testes se renovam como as estações; depois do inverno a primavera florida, depois do dia de chuva a manhã de sol, tudo necessário ao ritmo universal.
        A vida é um todo com uma direção que não é nossa propriamente, pois, por vezes, os fatos mudam os rumos aparentemente já estabelecidos. É sempre um renovar, um crescer na experiência que se inicia.
        Precisamos sempre fazer o melhor que pudermos, esperar o melhor, confiar no melhor, porque, do ponto de vista cósmico, é sempre a melhor ou a mais necessária experiência que se apresenta como um fato novo em nossas vidas. A expansão da consciência é, geralmente, um parto cheio de dores e de alegrias, é uma nova vida que desponta e, confiar nas mudanças com a mente alegre ou em paz, é prova de sabedoria.
        A nossa vida, que corre como um rio tem por meta o mar da criatividade e do amor de Deus; o mar da bem-aventurança de que falam as religiões. Aí só chegamos pelo rolar, ora manso, ora revolto, do leito por onde passamos e pela energia magnética das grandes cachoeiras.

        Viver é sempre transformar-se e harmonizar-se com as mudanças.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Para ir mais longe

É preciso que, a cada dia estejamos prontos para passos novos, para um caminhar mais leve em níveis externos e, sobretudo, internos. O que nos parece bom hoje, já não é o melhor amanhã, a vida flui, e é preciso nos deixarmos ir com ela, sem medos e sem apegos.
É necessário não melhorar apenas a ciência e a técnica, mas o estofo mental, as energias, as vivências. Somos um imprevisto maravilhoso de potencialidades, e sentir-se livre nesse nível é a maior das alegrias humanas.
A insatisfação, com as primeiras conquistas, é marca certa de quem quer ir mais longe, de quem vai chegar ao fim da indagação e da conquista. Vales e montanhas, luz e treva tudo traz sua mensagem e vai passando em nossas vidas como uma paisagem num trem muito rápido. Só não se deve perder de vista a meta e a esperança de alcançá-la, pois tudo o mais é ilusório e passageiro. Dá o seu recado e se vai.
Atualmente não se conta o tempo apenas exterior e marcado no relógio, mas é importante notar aquela urgência, aquele tempo interno que se tornou exigente na conquista de um espaço interior limpo e amplo. A indiferença não cabe mais na vida de quase ninguém.
Não se pode determinar hoje, o que amanhã será o melhor, mas pode-se e deve-se fazer hoje o melhor para hoje.
Mesmo quando o passo se faz um tanto incerto, ainda assim é preciso caminhar sem desesperança, sem desalento, sem condenar os outros. A mutabilidade é fruto do nosso tempo e é também oportunidade de transformação.
As experiências nas áreas mais sutis das manifestações estão abalando pessoas, grupos e estruturas limitadas e antiquadas, impróprias para a chegada de energias novas. O despertar em todos é cheio de inquietações, mas é vivo e transformador, até que a luz se faça clara.
Nada é permanente nos primeiros passos, porém tudo é importante; neles está a semente da realização, aquela realização pela qual o homem desceu na matéria e assumiu as experiências deste plano de real aprendizado.
É preciso aprendermos a ler o livro aberto da natureza humana e da natureza divina em cada um, e as lições da terra, das águas e dos ares, dos animais e das plantas, de tudo que nos rodeia.
Nosso tempo é exigente e quer ver todos acordados para suas metas mais altas e luminosas.