quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Relembrando Minas


Foto do aniversário de 50 anos de Guinard, em 1946
Autor da foto desconhecido

Quem escreve e, como nós, não é muito organizada, vai guardando um papel ali, um livreto aqui, uma lembrança além e quando vê, surge, de repente uma surpresa.
Outro dia, encontramos um pedaço do passado remoto que envolve muita gente hoje conhecida e admirada. Estudávamos na primeira turma da Escola Guignard, e logo formou-se um grupo muito afim. Mário Silésio, Amilcar de Castro, Maria Helena Andrés, Farnese Andrade, Heitor Coutinho, Chanina, Petrônio Bax, Solange Botelho, Marília Gianetti e muitos outros.
Ao grupo, juntavam-se, quase sempre, os jovens poetas e literatos da época. Entre eles, Hélio Pellegrino, Edmur Fonseca, Sábato Magaldi, Octávio Mello Alvarenga e, o muito conhecido Wilson Figueiredo, além de tantos outros que foram tomando seus rumos de crescimento na literatura, jornalismo, ciências etc.
Na ocasião, o grupo da literatura publicava os cadernos “Edifício”, dirigidos, se não me engano, por Wilson e Octávio Alvarenga, onde o grupo publicava, a cada número, suas iniciações literárias.
O Caderno nº 2, que estava entre meus guardados, trazia poemas de Hélio Pellegrino, na ocasião estudante e muito amigo de meu irmão, também médico, Ângelo Laborne. Hélio, depois, foi grande psiquiatra no Rio de Janeiro.
O Edifício nº 2 trazia os poemas: Poema do Príncipe Exilado, e Deixa que eu te ame, do inquieto Hélio. Retirei do primeiro, assim ao acaso, esse pequeno trecho:

“A pérola, a gravata, o anel cravejado?
Quem sou eu que de repente abre a porta,
E se esquece e responde pelo nome: DESVAIRADO!
Quem sou eu que, de luto, amanhece entre jornais,
E pela noite traz um cravo e um sorriso no automóvel?
Quem sou eu que respiro entre escuros volumes,
Frios de fria morte encadernada!
Quem sou eu que com um alfinete adormece a amada
Para cruzar descalço os ladrilhos transversais,
À procura do passado?”

Assim era o saudoso Hélio e o saudoso tempo da Escola Guignard, dos cadernos do Edifício e dos antigos que passam, e não morrem, mas de repente gritam:

Estou aqui!!!